Cap. 24
Por que procurar por um homem que fica andando pela cidade quando posso procurar por um circo, bem maior e que fica parado no lugar?
Com esse pensamento brilhante (ao menos na opinião de quem o elaborou), Augustus decide que é melhor descobrir a localização do circo que anuncia seu espetáculo na cidade.
Não precisa muito esforço nem tempo para ficar sabendo que ainda estão erguendo a tenda em um local próximo à entrada da cidade. Como o lugar não fica muito longe, ele decide ir até lá para pegar mais informações antes de procurar novamente pelo xerife de New Heaven.
Sua esperança retorna. Danem-se Rotten Root, seu xerife rude e relapso, seu whisky diabólico, sua freira furibunda e seu padre assustador. Ele recuperará seu circo, sua vida e nunca mais passará por aquele lugar maldito novamente.
Com a cabeça fervilhando cheia de ideias e possibilidades, Augustus respira fundo, começa a andar e vai se enchendo de confiança até quase ser atropelado por uma carroça enquanto atravessa a rua.
Sorte ele ter percebido o veículo e pulado, pois, o condutor não diminuiu a velocidade nem sequer olhou para trás para ver se ele estava bem, mantendo seu trajeto e levantando poeira apressadamente.
Enquanto Augustus batia em suas roupas para, em vão, tentar tirar um pouco do pó, dentro da carroça, Wayne viaja amarrado e com a cabeça coberta por um saco.
Seja pelo terreno irregular ou pelas rodas desalinhadas e tortas, a carroça segue pulando como se estivesse montada no lombo de um potro chucro. Conforme chacoalha e bate a cabeça a cada solavanco, um pensamento não para de ecoar na mente do xerife: “Não era para eu estar aqui. Eu devia ter atirado naquele maldito assim que o vi chegando perto da cidade”.
Em meio à nuvem de poeira deixada para trás pela carroça, Augustus chega a sentir um calafrio. “Deve ser sinal de boa sorte”, pensa ele retomando o caminho para onde seu circo está sendo erguido.
Augustus caminha esperançoso, Wayne tem pensamentos assassinos e, em Rotten Root, o padre vai recobrando a consciência.